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MAPA MUNDO INTERACTIVO

19 agosto 2006

À descoberta da Amazónia

ANTES DE MAIS, OBRIGADO POR TODOS OS COMENTÁRIOS. É OPTIMO LÊ-LOS E SENTIR QUE VOCÊS ESTÃO CONNOSCO.

10-08

Chegamos a Santarém perto das 12h e dirigimo-nos ao IBAMA, instituição que controla a FLONA (Floresta Nacional do Tapajós), para solicitar autorização para entrar no parque.
Instalamo-nos no hotel Alvorada R$10/pax dia em quarto para 4 pessoas, e vamos passear pela cidade.
Santarém, com uma população de cerca de 180.000 habitantes, fica no rio Amazonas, sensivelmente a meio caminho entre Belém e Manaus.
Ao visitar o mercado local descobrimos um novo repelente de mosquitos: óleo de andiroba. Talvez o seja pelo mau cheiro que tem ou pela gordura que deixa no corpo, que afasta todo o ser vivo.

11-08

Pegamos o ônibus para a povoação de Maguari, a uma distância de cerca de 60 km de Santarém, mas que se percorre em cerca de 4 horas em condições normais! Mas como as condições nunca são normais, a nossa viagem demorou 5 horas e meia. Para além de fazer inúmeras paragens, a estrada de terra batida e enlameada não ajuda. Além disso, o autocarro avariou duas vezes, partiu-se a correia de distribuição.
Acabamos por conhecer o sr. Abilio, um guia local que tem todo o prazer em receber visitantes em sua casa.
Chegamos a Maguari debaixo de uma tempestade tropical. Encharcados, sabe bem ter um tecto onde pousar as mochilas e secar um pouco, apesar de ser uma tarefa deveras dificil, tal é a humidade relativa que reina por aqui, na ordem dos 80 a 90%.

Maguari, juntamente com Jamaraquá, são comunidades localizadas junto à FLONA, cujos habitantes são incentivados no sentido de proporcionar un turismo sustentado e controlado, que reverte a favor da comunidade.
Não há energia eléctrica, mas também não é preciso. A proximidade da linha do equador define dias com a mesma duração durante todo o ano e hábitos diários que se mantém: o dia começa cerca das 05:30h, o jantar pelas 18:30h e a hora de dormir às 19:30h.
Chegámos num fim-de-semana bom, uma altura das festas anuais da comunidade. Durante esta semana há energia eléctrica na praça central da aldeia, obtida através de um gerador, com música ao vivo e bingo. Ainda jogámos um cartão, mas não ganhámos nada. Foi uma professora local quem levou a galinha para casa!!

12-08

Fazemos uma caminhada de cerca de 7 horas pela FLONA. É impressionante a biodiversidade desta região, e completamente diferente da nossa.
Aqui encontra-se todo o tipo de produtos naturais para curar qualquer doença. O nosso guia podia perfeitamente sobreviver nesta floresta, tal a facilidade com que encontra alimento e água. Encontramos uma cobra que se confunde de forma perfeita com os ramos de uma árvore. Só o olho apurado do guia conseguiu encontra-la. Existem inúmeros animais venenosos aqui, como cobras, aranhas ou escorpiões.
Já de volta a casa do Sr. Abilio e D. Darleide, sua esposa, ouvimos histórias de picadas de animais venenosos durante o jantar e ficamos todos com ligeiras comichões pelo corpo!
Os banhos são tomados nas bonitas e limpas praias fluviais sobre o rio Tapajós, que nesta altura do ano e até Novembro aumentam de tamanho o seu areal, à medida que o nível das águas desce. Em Dezembro volta a época das chuvas e as praias desaparecem. Este ciclo repete-se ano após ano, com a precisão de um relógio suiço, dizem os caboclos, os nativos desta região.

13-08

Hoje é dia dos pais no Brasil. Não é nem dia da mãe, nem dia do pai, é de ambos!! Não temos esta comemoração em Portugal, mas qualquer dia, quem sabe?
Durante a manhã vamos andar de canoa pelos "igapós". Os "igapós" são afluentes dos rios, que nos meses de chuva e cheias, formam grandes bacias, deixando árvores submersas a profundidades que podem rondar os 10 m ou mais! Literalmente nadámos junto à copa das árvores!! Quando o nível das águas desce, o afluente volta à forma como o conhecemos, denominando-se "igarapés".
Passamos parte da tarde em Jamaraquá, até que uma chuva tropical nos obriga a recolher até casa do Sr. Abilio, onde ficamos até às 03:00h, hora em que apanhamos o autocarro de volta a Santarém, o mesmo autocarro em que viemos para Maguari!!

14-08

Chegamos a Santarém cerca das 06:30h, desta vez a viagem correu bem! Pegamos um ônibus que nos leva até Alter-do-Chão. Chegamos às 08:30h, hora para um belo repasto, estavamos famintos.
Alter-do-Chão consiste basicamente numa praia fluvial, bem bonita, um paraíso na Amazónia, frequentado principalmente pelos habitantes de Santarém aos fins-de-semana e férias. Um pouco como o nosso Algarve, ou o Porto Santo para os madeirenses. Nesta altura do ano a vila ainda está separada da lingua de areia que forma a praia. Entramos numa canoa e passamos para o lado de lá. Encontramos uma cabana, ideal para estender as redes. Instalamo-nos. Parece um paraíso perdido. Decidimos ficar dois dias! Aproveitamos a tarde para descansar, lavar alguma roupa, comemos peixe assado e ficamos...

15-08

Acordamos cedo e fazemos uma pequena caminhada até ao pico próximo da praia, são cerca de 45 min a andar, a vista é fenomenal, 360º sobre o rio Tapajós e o lago verde. Vamos almoçar à vila e aproveitamos para comprar carne para fazer um churrasco ao jantar. Entretanto alugamos uma canoa por nossa conta para dar umas voltas pela lagoa. Ao inicio estava dificil, mas depois lá atinámos com os remos e deixámos de andar em círculos! Ao anoitecer preparámos o lume e fizémos umas belas espetadas de carne de vaca!

16-08

Apanhamos o autocarro de volta a Santarém, passamos pelo hotel para reunir as coisas que deixámos para trás, refazemos a mochila e dividimo-nos. Eu e o Esteves vamos comprar água e os bilhetes para o barco que nos leva a Manaus, elas vão comprar fruta e legumes e preparar uma surpresa ao Esteves! É que ele faz anos amanhã; e ao contrário do que aconteceu o ano passado na Turquia, desta vez a data não vai passar sem comemoração!!
O barco parte às 15:00h, pedem-nos R$70, oferecemos R$40, fica pelos R$52,50, cerca de 20 euros. Montamos as redes e preparamo-nos para cerca de 2 dias e meio de viagem.
Às 19h locais, 00:00h de dia 17 em Portugal, acendemos as velas e comemoramos o 29º aniversário do Esteves, na companhia de viajantes espanhois, mexicanos, australianos, israelitas e obviamente brasileiros. A cachaça fica guardada para amanhã, porque hoje é 4ª feira, dia de mephacin, o comprimido da profilaxia da malária que nos faz dormir bem!! Soubemos que durante a noite a bomba de água do barco avariou, estivemos parados entre as 03:00h e as 06:00h.

17-08

O David é mexicano, músico, iniciou a sua viagem há cerca de 1 ano, na companhia da mulher, da guitarra e kg de bagagem. Hoje viaja sozinho, roubaram-lhe a guitarra e a mala. Tem pouco mais de meia dúzia de peças de roupa e alguns 20 kg de livros, que de certa forma compensam os mesmos que perdeu no corpo. Aprendeu a arte do artesanato e vai viajando à medida que vai vendendo. Mas desta vez viaja com o objectivo de voltar a casa, à familia, ao seu México.
Ensinou-nos alguns pontos de macramé, que permitem fazer colares, pulseiras, etc, até onde for a imaginação. O Esteves é quem te mais jeito e o ponto mais perfeito, o Hugo quem tem menos jeito e o ponto mais imperfeito!!
À noite abrimos a cachaça, misturamos suco de manga e goiaba, ligamos as colunas do mp3 e comemorámos até altas horas, até à 01:00h!!!

18-08

Acordamos um pouco mais tarde hoje, 08:00h, falhamos o café da manhã. Lê-se um pouco, conversa-se, ouve-se música. A meio da tarde uma brisa invade o barco, 30 segundos depois uma ventania descomunal varre toda a zona das redes, toda a roupa que estava pendurada no guarda-corpos vai parar ao rio, o que encontrava em cima das redes sai disparado em todas as direcções, chove copiosamente, relampeja, o barco abana, o rio parece mar alto, velhotas rezam, ondas enormes, crianças choram, depois acalma, volta tudo ao mesmo, como se nada tivesse acontecido, apenas um grande susto.

19-08

A previsão inicial era de chegar a Manaus às 23:00h do dia 18, depois o barco avariou, a previsão passou para as 03:00h, depois para as 06:00h e por fim chegámos a Manaus às 09:30h de dia 19!! Se tivessemos saído de Santarém na 5ª feira, tinhamos chegado 6 horas mais tarde no mesmo dia!! Enfim, mais uma grande aventura nos barcos do Amazonas. Para compensar vamos fazer um grande jantar!