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MAPA MUNDO INTERACTIVO

18 abril 2007

Pântanos e Altiplanos

22-03

Em Campo Grande encontramo-nos com a Silvia e o Nuno. Combinamos todos no aeroporto, alugamos um carro, e dirigimo-nos a Bonito onde vamos passar o fim-de-semana. Partimos às 00:30h, para uma viagem de cerca de 4 horas e meia. O trajecto foi bem animado! Inclusive cantámos clássicos da música portuguesa, como o Marco Paulo, acompanhando o pc pocket do Nuno: Sempre que brilhaaa o solllll... naquelaa praiaaaa! BUMM! "F*******!!! Já f******** o carro todo!! Apanhámos um buraco na estrada e empenámos a jante, o pneu esvaziou todo! Às 4 da manhã, no meio do nada, rodeados de ruídos de bichos que não conhecemos, lá metemos o sobresselente. Chegamos ao hostal às 6 da manhã, tomamos o pequeno-almoço e arranjamos o pneu. Descansamos um pouco em redes e vamos para as cristalinas águas do rio sucuri. Cerca de uma hora fazendo snorkeling pelo rio mais transparente que já vimos. A natureza calcária de toda a região, torna estas águas impressionantemente limpas, de tal modo que mais parece que estamos a flutuar sobre o ar. Ao jantar comemos carne de jacaré e capivara. O dia seguinte é preenchido entre visitar a gruta da lagoa azul, fazer um rapel de mais de 80m até um lago subterrâneo com várias formações subaquáticas, e conhecer o balneário municipal. À noite voltamos a Campo Grande e despedimo-nos do Nuno, que apanha um voo de volta a S. Paulo.

25-03

Entramos num autocarro que nos leva até às entranhas do Pantanal. Este é provavelmente o melhor local da América do Sul para avistar vida selvagem, pois ao contrário da Amazónia, é um gigantesco pântano com virtualmente nenhuma floresta cerrada. Fazemos caminhadas com água pelos joelhos, remamos por zonas que são casa das anacondas e jacarés, passeamos a cavalo. Avistamos jacarés, capivaras, queixadas, tatus, coatis, inúmeras aves, entre as quais coloridos tucanos e araras.
O facto de a nossa língua mãe ser o português, permite-nos aproximar muito mais da população local, e fruto disto somos convidados para um churrasco num cafezinho local. Bebemos muita caipirinha e comemos porco selvagem acabado de caçar. Na mesma noite, pescamos piranhas, capazes de comer um dedo de um de nós! Quando pegamos nelas, apercebemo-nos bem dos seus dentes afiados!
Passados 3 dias no meio do pântano, voltamos à estrada e esperamos os autocarros que nos vão levar a dois destinos diferentes: eu e a Tânia seguimos para Corumbá, na fronteira com a Bolívia, e a Silvia volta para Campo Grande, onde vai apanhar um voo para S. Paulo e dias depois regressar a Portugal. Foi um momento emotivo. Partilhámos durante mais de oito meses uma viagem única, uma experiência inigualável! Entre abraços fortes e olhos a brilhar, deixamos a nossa amiga entrar no autocarro e partir em direcção à realidade...

31-03

Sair do Brasil por Corumbá, a um Sábado de manhã é complicado! O gabinete da polícia de imigração está fechado e não conseguimos carimbar o passaporte! Deixamos uma fotocópia dos nossos documentos e o cartão de turista na esquadra de polícia local, ficando o agente de serviço de nos fazer o favor de os entregar no gabinete de imigração, para registo informático da nossa saída. Cruzamos a fronteira para a Bolívia e aguardamos o comboio, com horário de partida previsto para as 12h. Saímos com seis horas de atraso em direcção a S. José de Chiquitos, onde chegamos às 7 da manhã.
S. José de Chiquitos é uma pequena vila que foi fundada pelos jesuítas, durante as suas missões do séc. XVIII. É uma viagem no tempo, especialmente no dia de hoje, Domingo de ramos, em que as ruas se enchem para a procissão em que todos os habitantes participam.
Apanhamos um autocarro nocturno em direcção a Sucre.

02-04

Ficamos às portas de Sucre! Há um bloqueio em todas as estradas de acesso à cidade. Pegamos na mochila, passamos o bloqueio a pé e apanhamos um táxi para o hotel.
Sucre tem um centro histórico que é património da UNESCO, estando bem conservado. É a cidade branca, sede do poder judicial e também a capital da Bolívia, apesar de no momento todo o poder executivo e legislativo estar sediado em La Paz.

05-04

Chegamos a Potosi, situada a 4090 m de altitude, em pleno altiplano boliviano, sendo a segunda cidade mais alta do mundo. Fundada em 1545, após a descoberta do cerro rico, uma montanha de prata, a cidade teve uma explosão demográfica. No final do séc. XVIII, a população da cidade atingiu os 200.000 habitantes, tornando-se a metrópole mais rica da América Latina e uma das mais ricas do mundo. Daqui foi extraída tanta prata para a coroa espanhola, que diz-se que poderia ter sido construída uma ponte de prata entre a América e a Europa, e ainda carregar prata por cima dela!
Visitamos as minas, ainda activas. Dão-nos o equipamento necessário, e entramos pelos labirínticos túneis do Cerro Rico. Aqui, os minerais são extraídos como se estivéssemos ainda no séc. XVII. Tudo é feito de forma manual em condições extremamente desumanas. A esperança média de vida destes trabalhadores é de 10 anos, depois disto aparecem as doenças de pulmões. Compramos folhas de coca e oferecemos aos simpáticos mineiros, alguns deles crianças de 15 anos agradadas por dar dois dedos de conversa. Mastigar as folhas é algo que lhes dá alento para suportar um dia inteiro de trabalho duro, e uma tradição por toda a Bolívia.
Seguimos para Uyuni.

08-04

Iniciamos um tour de 3 dias pelo Salar de Uyuni e sul da Bolívia. Paramos primeiro numa pequena aldeia onde o sal é extraído, tratado, embalado e vendido a 0,80 euros / 50 kg!! Seguimos e pouco tempo depois tudo à nossa volta é branco.
O Salar de Uyuni, com uma superfície de cerca de 12000 km2, é o maior do mundo. As chuvas que atingiram a zona recentemente, deixaram uma fina camada de água que funciona como um espelho perfeito. Não dá para ver onde acaba a terra e começa o céu, é impressionante. Almoçamos na ilha dos pescadores, um monte rochoso cheio de cactos, no meio da imensidão branca. Dormimos numa pequena aldeia, e no dia seguinte continuamos o passeio por entre lagoas habitadas por centenas de flamingos, vulcões, formações rochosas curiosas e uma imensidão de nada. Acabamos o dia perto da lagoa colorada, de água vermelha originada pela concentração de algas e plâncton, os mesmos que dão a cor rosada aos flamingos.
Começo o dia seguinte com uma terrível má disposição e desarranjo intestinal. Acordamos às 04:00h e seguimos para os geysers Sol de la Mañana, situados a 4850 m de altitude. Passamos por umas termas naturais e seguimos para a Laguna Verde e Laguna Branca.
Voltamos a Uyuni e despedimo-nos dos nossos amigos canadianos, ingleses, marroquinos e argentinos. Da mesma forma que com todos os viajantes com quem passámos algum tempo juntos, ficam os convites e as promessas de um dia visitarmos as cidades uns dos outros.
Passamos mais um dia em Uyuni e seguimos para Tupiza, onde ficamos três dias sem fazer rigorosamente nada!

15-04

Já recuperado e cheio de vontade de comer porcarias, pomos um chapéu de cowboy e fazemos um passeio a cavalo pelas paisagens que mais parecem ser do velho oeste norte-americano, com enormes cactos e formações rochosas de várias cores, uma paisagem diferente das que já havíamos visto.
Apanhamos um comboio em direcção a La Paz.